Escola de Niterói na perspectiva de Gisálio Cerqueira Filho
- NOS - Núcleo Observando do Sul
- 28 de jul. de 2024
- 4 min de leitura

Gisálio Cerqueira Filho[1]
Vamos abordar o tema agradecendo já o convite do Dr. Carlos Sávio Teixeira para proferir esta aula. Obrigado Professor. E lembro que, solicitado, indiquei três livros de minha autoria para leitura dos alunos. Foram: Gisálio Cerqueira Filho. Memória de uma Vida, RJ: Ed. Revan 2007; Cultura e Resiliência. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2019; e Cromos (poemas). Rio de Janeiro: 7Letras, 2000. Reparem que recepcionamos a literatura como arte na perspectiva de Silviano Santiago.
O momento que vivemos impõe algumas considerações breves capazes de conjugar a carreira do mestre com a origem da sua carreira, desde que percebamos que origem é menos história, e mais fenomenologia; que, dela, história, não se afasta. Reparem que, na exata hora em que a conjuntura mostra sua cara e degrada a importância da leitura impressa, pululam até as propostas de sua morte...
Ao revés está à vista das traduções da “Poética” de Aristóteles realizada por Eudoro de Souza (USP) para um curso sobre “As Bacantes”.[2]
Aqui vamos tratar do caráter multidisciplinar que a Ciência Política arranca de si quando a questão do poder é pensada do ponto de vista da “soberania” e da dialética entre o pensar e o agir (teoria e prática)” mas trazendo junto o sentir (sentimentos e afetos tanto conscientes quanto inconscientes. Para tal podemos trazer à cena política o ditado popular “fazer das tripas coração” para sublinhar o autor Eric Santner e suas reflexões que cobrem com propriedade a recepção da literatura, psicanalise, ideologia religiosa e... filosofia. A poesia alemã do pós guerra e o holocausto são aqui temas centrais para a ciência política contemporânea.[3] No Brasil e em particular no Rio de Janeiro vamos situar a Escola de Niterói-UFF. Buscamos este mix temático a partir da sugestão multidisciplinar do cientista Moysés Nussenzveig (Puc-Rio), físico renomado, com quem participei como membros eleitos para o Conselho Curador da Fundação Leonel Franco), juntamente com o escritor e poeta Afonso Romano de Santana.
Fui o 1º diretor eleito (três mandatos de 2 anos cada) da Escola de Sociologia e Política da PUC-RIO, criada pelo Pe, Fernando Bastos D’Ávila, S.J. E na época substituí o sociólogo José Arthur Rios. O pensamento de Nussenveig defendia a autonomia e soberania do nicho científico fundado na excelência e foi o que fizemos na fundação do Laboratório do Laboratório Cidade e Poder (UFF/PPGH), cuja coordenadora Gizlene Neder estendeu parcerias com outros Programas de pós-graduação, por exemplo com o PPGCP e PPGSD. Hoje temos também um blog: NOS (Núcleo Observando o Sul (NOS) além do periódico Passagens.Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica. Aqui queremos agradecer ao LCP e ao Fernando Fernandes (primeiro Doutor em Ciência Política pelo PPGCP) pelo “Prêmio Innovare (2ª edição em 2024) com o Projeto A VOZ HUMANA – Portal.[4]
Fato é que juntos ao Dr. Alphonse Tay , do Benin (então diretor da educação na UNESCO, realizamos esforços continuados com o Prof. José Pelúcio Ferreira (FPLF) em prol da democracia e dos direitos humanitários no Brasil... Divergimos em alguns aspectos, mas sabíamos onde estavam as nossas vulnerabilidades. E isto foi possível em grande e no último governo Leonel Brizola no Rio de Janeiro. Sem esquecer a referência ao Monsenhor Cambrond, o qual acompanhei desde o CenFI, em Petrópolis. Ele realizou seus estudos pioneiros sobre a questão agrária, no Maranhão. Mais tarde retornou a Quebec, Canadá; sendo que ele trabalhou ainda no Maranhão com o sociólogo brasileiro e pesquisador Maurício Vinhas de Queiroz na Faculdade Nacional de Filosofia. (FNFi-UB).
[1] Professor Titular de teoria Política na UFF (PPGCP). Doutor em Ciência Política (USP-FFLCH), Mestre em Ciência Política (IUPERJ), Pós-Doc. em Lisboa. Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Editor de Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica (CAPES 2-A). Pesquisador Sênior, membro da Associação Universitária de Pesquisa em Psicologia Fundamental AUPPF - São Paulo.
[2] Ver o projeto doutoral do Prof. Bruno Borges (UnB), 2024.
[3] Professor em Estudos Germânicos Modernos e Presidente do Departamento de Estudos Germânicos da Universidade de Chicago, onde está sediado desde 1996. Entre outros veja-se de Flávia Almeida Pitta. “Eric Santner, flesh, soberania e arte: dois corpos do povo ao sul do Equador?”, In Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, Rio de Janeiro: vol. 9, no . 3, setembro-dezembro, 2017, p. 501-531. Cf Eric Santner. The Royal remains: the people’s two bodies and the endgames of sovereignty. Chicago: The University of Chicago Press, 2011.Também aqui a cultura mostra a sua cara e eu gostaria de abordar a Escola do Viradouro, em Niterói, gloriosa no Rio de Janeiro como um dos “causos” que merecem a nossa observação. Refiro -me a Marcelinho Kalil e à sua liderança nesta gloriosa Escola de samba.
[4] Ver Cerqueira Filho , Gisálio e Neder, Gizlene. Projeto JFK: Juntar Sigmund Freud e Hans Kelsen- Subjetividade e Direito, Rio de Janeiro: Mauad X, 2020.
[5] Hímeros , a palavra trás consigo uma saudação, Hímeros era segundo a Teogonia de Hesíodo, quando a deusa Afrodite surgiu pela primeira vez na espuma do mar, ela estava grávida dos gêmeos Eros e Himeros. Os filhos eram seus companheiros constantes, agentes de seu poder divino ainda trás consigo uma saudação de alegria...
Comentarios